segunda-feira, 24 de setembro de 2007

São tantas pessoas...


São tantas pessoas
Tantas cores, estilos, maneiras, princípios e valores.
È estranho observar que as pessoas conseguem ser tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais
São tantos os personagens que compõe o nosso dia-a-dia, e raros são os que nós reparamos e damos valor.
Ao me dar conta disso, decidi ficar observando por um breve momento, as pessoas a minha volta e me surpreendi.
A 1º candidata a minha profunda análise foi uma senhora de cabelos brancos, pele alva e expressão muito cansada. Com as mãos calejadas, contava continha por continha de um velho terço. O que pensava aquela senhora? O que almejava com tamanha fé?
Passavam-se horas e a senhora continuava a sua prece com uma concentração tamanha...
Foi quando avistei um jovem negro, esguio, vestido com roupas que mais pareciam trapos. Ele se aproximou timidamente da banca de revista que se encontrava em frente ao banquinho de madeira e com uma enorme excitação começou a folhear cada revista em quadrinho existente nela...
A cada figura, a cada colorido, a cada página, era refletida em seus olhos uma felicidade fascinante. Ao ver aquela cena, a senhora do terço, sim, aquela que se encontrava no banquinho de madeira, levantou-se e comprou para o jovem a tal revista tão almejada. Enquanto o menino, agora sobre meu conhecimento, de nome João, saia feliz da vida com sua mais nova aquisição, a senhora com o sentimento de dever cumprido voltava a seu banco e recomeçava sua interminável jornada de orações, para só deus sabe, o que ou quem .
Minha atenção é então voltada para os meus dois mais novos personagens. Mãe e filho. A mãe de estatura mediana, gordinha, cabelos pretos e longos, e seu filho de aproximadamente três anos, igualmente gordinho,travavam uma enorme luta por, nada mais nada menos que, um pirulito. Ao pedir à mãe para comprar o pirulito, ela negou veemente, alegando ser hora do almoço. O menino então jogou-se no chão e começou a berrar, atraindo o olhar de todos que passavam...
Após algumas palmadas, alguns esticões aqui e outros ali, a mãe, extremamente constrangida e mais ainda aborrecida, resolveu finalmente compra o tal do pirulito, cedendo assim, aos caprichos do filho...
Com o pirulito em mãos, ambos foram embora... Deixando a sua passagem, um tanto conturbada, registrada em minha vida.
Quando eu achei que o espetáculo havia acabado, e que agora só ia restar para observar a tal velhinha religiosa, ouço uma cantoria estranha...
Um tal de pastel gostoso, crocante e saboroso pra lá, barato e garantido pra cá...Tudo isso por apenas, acreditem, $2,00 com suco grátis. Não quis nem imaginar o que esperavam as pessoas que desejavam provar desses tais pasteis. Mas ao olhar para frente me deparei com um enorme e charmoso homem, devia ter por volta de seus 30 anos e estava a vender seus pasteis como se fossem sua vida, eu rapidinho mudei de idéia e convencida, quase compro para mim mesma um de carne.
A cada propaganda que fazia, mais e mais fregueses chegavam, e por mais incrível que pareça, compravam e saiam satisfeitos com o tal do pastel. Ao final da 1ª hora, já sem pasteis para vender, o pasteleiro fora embora feliz e satisfeito.
Foi ai que entrou em cena a minha ultima personagem. Sem saber que estava fazendo parte de minhas observações, ou ainda mais, fazendo parte de minha inebriante rotina, ela, nome desconhecido, loura, estilo hippie, sentou-se no primeiro degrau de uma velha escada e se pôs a cantar... Cantava de tudo e acabou encantando a todos.
Pessoas que passavam apressadas, paravam para dedicar-lhe um sorriso, alguns davam-lhe umas pouca moedas.. mas mesmo assim, saiam de seu mundinho fechado, corriqueiro e indiferente para prestigiar uma simples adolescente que estava a cantar com todo o coração...
Milhares de pessoas continuaram a entrar e sair... A grávida que procurava roupas para o seu mais novo filinho, homens importantes falando ao celular, um senhor comprando cigarros, estagiários correndo contra o tempo para cumprir prazos, entre outras milhares de pessoas com milhares de coisas a fazer...
È incrível como tudo muda o tempo todo, pessoas nunca antes vistas aparecem e somem com a mesma rapidez que apareceram para serem igualmente nunca mais vistas..Impressionante, é ainda mais, como nunca reparamos, e somos na maioria das vezes, indiferentes com as pessoas que estão ao nosso lado e sem saber fazem parte de nossa vida, do nosso cotidiano.
Brigas, encontros afetuosos, beijos apaixonados, abraços respeitadores ou calorosos, telefonemas demorados, decepções, derrotas, vitórias. Situações que envolvem a todos... Personagens principais que nem ao menos sabem que são personagens...
Ao final do meu dia milhares de carros haviam passado pelas ruas sem deixar o menor vestígio, milhares de pessoas passaram por mim e se foram para nunca mais voltar...
As horas passavam e todos iam juntando suas coisa, cumprindo seus afazeres e indo embora.
Todos, menos a senhora do terço que sentada e concentrada apenas rezava...
Ao final de meu expediente, arrumei minhas coisas, levantei e fui embora deixando para trás apenas a senhora e sua fé e levando comigo um dia repleto de pessoas e experiências novas...
São tantas pessoas
Tantas cores, estilos, maneiras, princípios e valores.
E nós nem ao menos nos damos conta disso

2 comentários:

Unknown disse...

Um talento promissor sendo revelado a cada texto postado. Continue assim, escrevendo sentimentos, faça-nos refletir, faça o que você faz bem. Um beijo de seu vizinho preferido..heehe..bjooo e boa sortee!!

Unknown disse...

Mii q liindo seu texto velho!
foi oq eu mais gostei ate agora!!
continue assim!
bjs